Brasil: Clima

O Brasil é um país essencialmente tropical: a linha do equador passa ao norte, junto a Macapá AP e a Grande São Paulo fica na linha de Capricórnio. A zona temperada do sul compreende apenas o vértice meridional do Brasil: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, a maior parte do Paraná e o extremo-sul de São Paulo e do Mato Grosso do Sul. Os climas do país se enquadram nos três primeiros grupos da classificação de Köppen (grupo dos megatérmicos, dos xerófitos e dos mesotérmicos úmidos), cada um dos quais corresponde a um tipo de vegetação e se subdivide com base nas temperaturas e nos índices pluviométricos.

A região Norte do Brasil apresenta climas megatérmicos (ou tropicais chuvosos), em que os tipos predominantes são o Af (clima das florestas pluviais, com chuvas abundantes e bem distribuídas) e o Am (clima das florestas pluviais, com pequena estação seca). Caracterizam-se por temperaturas médias anuais elevadas, acima de 24o C, e pelo fato de que a diferença entre as médias térmicas do mês mais quente e do mais frio se mantém inferior a 2,5o C. Entretanto, a variação diurna da temperatura é muito maior: 9,6o C em Belém PA, 8,7o C em Manaus AM e 13,5o C em Sena Madureira AC.

No sudoeste da Amazônia, as amplitudes térmicas são mais expressivas devido ao fenômeno da friagem, que ocorre no inverno e provém da invasão da massa polar atlântica nessa área e acarreta uma temperatura mínima, em Sena Madureira, de 7,9o C. O total de precipitações na Amazônia é geralmente superior a 1.500mm ao ano. A região tem três tipos de regime de chuvas: sem estação seca e com precipitações superiores a 3.000mm ao ano, no alto rio Negro; com curta estação seca (menos de 100mm mensais) durante três meses, a qual ocorre no inverno austral e desloca-se para a primavera à medida que se vai para leste; e com estiagem pronunciada, de cerca de cinco meses, numa faixa transversal desde Roraima até Altamira, no centro do Pará.

A região Centro-Oeste do país apresenta alternância bem marcada entre as estações seca e chuvosa, geralmente no verão, o que configura o tipo climático Aw. A área submetida a esse tipo de clima engloba o planalto Central e algumas zonas entre o Norte e o Nordeste. O total anual de precipitações é de cerca de 1.500mm, mas pode elevar-se a 2.000mm. No planalto Central, mais de oitenta por cento das chuvas caem de outubro a março, quase sempre sob a forma de aguaceiros, enquanto o inverno tem dois a três meses praticamente sem chuvas.

A temperatura média anual varia entre 19 e 26o C, mas a amplitude térmica anual eleva-se até 5o C. O mês mais frio é geralmente julho; o mais quente, janeiro ou dezembro. A insolação é forte de dia, mas à noite a irradiação se faz livremente, trazendo madrugadas frias. No oeste (Mato Grosso do Sul) verificam-se também invasões de friagem, com temperaturas inferiores a 0o C em certos lugares.

No sertão do Nordeste ocorre o clima semi-árido, equivalente à variedade Bsh do grupo dos climas secos ou xerófitos. Abrange o médio São Francisco, mas na direção oposta chega ao litoral pelo Ceará e pelo Rio Grande do Norte. Caem aí menos de 700mm de chuva por ano. O período chuvoso, localmente chamado inverno, embora geralmente corresponda ao verão, é curto e irregular. As precipitações são rápidas mas violentas. A estiagem dura geralmente mais de seis meses e às vezes se prolonga por um ano ou mais, nas secas periódicas, causando problemas sociais graves. As temperaturas médias anuais são elevadas: acima de 23o C, exceto nos lugares altos. Em partes do Ceará e Rio Grande do Norte, a média vai a 28o C. A evaporação é intensa.

Nas regiões Sudeste e Sul do Brasil predominam climas mais amenos -- mesotérmicos úmidos -- enquadrados nas variedades Cfa, Cfb, Cwa e Cwb. As temperaturas médias mais baixas ocorrem geralmente em julho (menos de 18o C), época em que pode haver geadas. No Sudeste, conservam-se as características tropicais modificadas pela altitude. A amplitude térmica permanece por volta de 5o C e as chuvas mantêm o regime estival, concentradas no semestre de outubro a março.

O Sul apresenta invernos brandos, geralmente com geadas; verões quentes nas áreas baixas e frescos no planalto; chuvas em geral bem distribuídas. As temperaturas médias anuais são inferiores a 18o C. A amplitude térmica anual cresce à medida que se vai para o sul. Neves esporádicas caem sobretudo nos pontos mais elevados do planalto: São Francisco de Paula RS, Caxias do Sul RS, São Joaquim SC, Lajes SC e Palmas PR. No oeste do Rio Grande do Sul, no entanto, ocorrem os veranicos de fevereiro, secos e quentíssimos, com temperaturas das mais altas do Brasil.