Brasil: População

Estimativa de 2009: 191.480.630 habitantes
Censo de 2000: 169.799.170 habitantes
Densidade demográfica: 22 hab./km²

As três raças básicas formadoras da população brasileira são o negro, o europeu e o índio, em graus muito variáveis de mestiçagem e pureza. É difícil afirmar até que ponto cada elemento étnico era ou não previamente mestiçado. Os portugueses trouxeram um complicado caldeamento de lusitanos, romanos, árabes e negros, que habitaram em Portugal. Os demais grupos, vindos em grande número para o Brasil em diversas épocas -- italianos, espanhóis, alemães, eslavos, sírios -- também tiveram mestiçagem semelhante. O Brasil é o país de maior população branca do mundo tropical.

Os negros, trazidos para o Brasil como escravos, do século XVI até 1850, destinados à lavoura canavieira, à mineração e à lavoura cafeeira, pertenciam a dois grandes grupos: os sudaneses e os bantos. Os primeiros, geralmente altos e de cultura mais elaborada, foram sobretudo para a Bahia. Os bantos, originários de Angola e Moçambique, predominaram na zona da mata nordestina, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

Os indígenas brasileiros pertencem aos grupos chamados paleoameríndios, que provavelmente migraram em primeiro lugar para o Novo Mundo. Estavam no estádio cultural neolítico (pedra polida). Agrupam-se em quatro troncos lingüísticos principais: o tupi ou tupi-guarani, o jê ou tapuia, o caraíba ou karib e o aruaque ou nu-aruaque. Há além disso pequenos grupos lingüísticos, dispersos entre esses maiores, como os pano, tucano, bororo e nhambiquara. Atualmente os índios acham-se reduzidos a uma população de algumas dezenas de milhares, instalados sobretudo nas reservas indígenas da Amazônia, Centro-Oeste e Nordeste.

A esses três elementos fundamentais vieram inicialmente acrescentar-se os mestiços, surgidos do cruzamento dos três tipos étnicos anteriores, e cujo número observou tendência sempre crescente. Ocupam portanto lugar de grande destaque na composição étnica da população brasileira, representados pelos caboclos (descendentes de brancos e ameríndios), mulatos (de brancos e negros) e cafuzos (de negros e ameríndios).

O Brasil é o sexto país do mundo em população. Embora não seja densamente povoado, sua enorme extensão territorial faz com que cerca da metade da população da América do Sul seja brasileira. Em pouco mais de um século -- entre 1872 e 1990 -- a população brasileira viu-se multiplicada quase por quinze. Entre 1900 e final do século XX, aumentou também a participação da população brasileira no quadro mundial -- de 1,1% para 2,8% -- e na América Latina -- de 27,6% para 35%.

A distribuição de habitantes é muito desigual: quase 58% da população vive nas regiões Sudeste e Sul, que correspondem a 18% do território, enquanto a região Norte, que compreende 45% do território, tem apenas 5,9% da população. Além disso, há grandes concentrações urbanas, como São Paulo SP, Rio de Janeiro RJ, Belo Horizonte MG e Recife PE; e áreas escassamente ocupadas no interior, principalmente na Amazônia e no Centro-Oeste. A tendência migratória do campo para a cidade acarretou um inchamento do meio urbano, com grandes contingentes de população marginal. Corresponde a uma estrutura agrária de grandes propriedades e à adoção de um modelo econômico concentrador de capital e voltado para a exportação, com altos índices de mecanização da lavoura e pecuária. A inexistência de uma política cooperativa eficiente e a própria distribuição fundiária impedem a proliferação da pequena propriedade e, portanto, a fixação das populações rurais.

A elevada taxa de natalidade e a progressiva redução da mortalidade transformaram o Brasil em um país jovem e de crescimento demográfico acelerado. Esse aumento da população ocorre em taxas mais elevadas nas regiões mais pobres. Por volta do final do século XX, cerca da metade da população tinha menos de vinte anos. Tal característica constitui a curto prazo um inconveniente para o desenvolvimento econômico, uma vez que a elevada proporção de crianças e jovens acarreta uma maior carga para a população ativa e para o estado e impõe a necessidade de manter um alto nível de crescimento, a fim de gerar empregos que permitam a incorporação desses novos efetivos à estrutura produtiva.

É característica a grande mobilidade da população brasileira, o que tende a modificar sua distribuição. Na segunda metade do século XX, registrou-se um avanço em direção ao oeste dos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, e para o sul de Mato Grosso e Goiás. A criação de Brasília e a construção de rodovias no interior do país atraíram contingentes numerosos, mas os principais fluxos migratórios, tanto do interior quanto do exterior do país, dirigiram-se para a região Sul e para o estado de São Paulo. As cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília atraem imigrantes de todo o país; as demais recebem sobretudo a população rural das regiões vizinhas, onde são obrigados a viver em condições precárias dada a pouca oferta de emprego.

A capital econômica do Brasil é São Paulo, maior parque industrial da América Latina. Sua influência se estende por todo o Brasil e seu mercado exerce atração até sobre as regiões ocidentais do Paraguai e Bolívia. O Rio de Janeiro, com sua área metropolitana, constitui o segundo pólo industrial do país, mas tem maior importância cultural e turística. As outras cidades mais populosas são Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Fortaleza e Belém.