Brasil: Hidrografia

De acordo com o perfil longitudinal, os rios do Brasil classificam-se em dois grupos: rios de planalto, a maioria; e rios de planície, cujos principais representantes são o Amazonas, o Paraguai e o Parnaíba. O Amazonas tem a mais vasta bacia hidrográfica do mundo, em sua maior parte situada em território brasileiro. É também o rio de maior caudal do planeta. Os três principais coletores da bacia do Prata -- Paraná, Paraguai e Uruguai -- nascem no Brasil.

O Paraná, constituído pela junção dos rios Paranaíba e Grande, é um típico rio de planalto, que desce em saltos: cachoeira Dourada, no Paranaíba; Marimbondo, no Grande; Iguaçu, no rio homônimo; Urubupungá, no próprio Paraná (Sete Quedas, nesse rio, desapareceu com a construção da represa de Itaipu). Os principais afluentes da margem esquerda são o Tietê, o Paranapanema, o Ivaí e o Iguaçu; da margem direita, o Verde, o Pardo e o Invinheima.

O Uruguai é formado pelos rios Pelotas e Canoas, que nascem perto da escarpa da serra Geral. Separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina e da Argentina e confronta depois esse país com o Uruguai. Seu regime constitui exceção no Brasil: há enchentes na primavera. O rio Paraguai nasce em Mato Grosso, no planalto central, perto de Diamantino. Após curto trecho, penetra no pantanal, ao qual inunda parcialmente nas cheias, que ocorrem no outono. Seus principais afluentes são: pela margem esquerda, o São Lourenço, o Taquari, o Miranda e o Apa; pela direita, o Jauru. Em certos trechos, separa o Brasil da Bolívia e do Paraguai, até que se interna nesse país.

O rio São Francisco nasce na serra da Canastra, em Minas Gerais, e corre nas direções gerais sul-norte e oeste-leste. É chamado "rio da unidade nacional", porque liga as duas regiões de mais alta densidade demográfica e mais antigo povoamento do país: o Sudeste e a zona da Mata nordestina. É um rio de planalto, que forma várias cachoeiras: Paulo Afonso, Itaparica, Sobradinho, Pirapora. Seus principais afluentes são: na margem esquerda, o Indaiá, o Abaeté, o Paracatu, o Pardo, o Carinhanha, o Corrente e o Grande; pela direita, o Pará, o Paraopeba, o das Velhas e o Verde Grande, todos perenes. Tem enchentes de verão.

Vertentes: Os demais rios têm cursos menos extensos, e por isso são agrupados em vertentes:

1 - Rios da vertente setentrional, perenes, de vazão relativamente grande e enchentes de outono. Os principais são: o Oiapoque e o Araguari (em que ocorrem as famosas "pororocas"), no Amapá; o Gurupi, o Turiaçu, o Pindaré, o Mearim, o Itapicuru e o Parnaíba, no Maranhão; este último, na divisa com o Piauí, tem em seu delta a mais perfeita embocadura desse gênero no Brasil.

2 - Rios da vertente norte-oriental, periódicos, com enchentes de outono-inverno. Os principais são: o Acaraú e o Jaguaribe, no Ceará; o Apodi ou Moçoró, o Piranhas ou Açu, o Ceará-Mirim e o Potenji, no Rio Grande do Norte; o Paraíba do Norte, na Paraíba; o Capibaribe, o Ipojuca e o Una, em Pernambuco. Nos leitos desses rios são comuns as barragens, destinadas à construção de açudes.

3 - Rios da vertente oriental, a maioria dos rios genuinamente baianos é constituída também de rios periódicos, com o máximo das enchentes no verão -- o Itapicuru, o Paraguaçu e o Contas -- além do Vaza-Barris, na Bahia e Sergipe.

4 - Rios da vertente sul-oriental, perenes, com perfil longitudinal de rios de planalto e com enchentes de verão. Os principais são: o Pardo, o Jequitinhonha (Minas Gerais e Bahia), este último famoso pela mineração de diamantes e pedras semipreciosas; o Doce (Minas Gerais e Espírito Santo), por cujo vale se exporta minério de ferro; o Paraíba do Sul, com bacia leiteira no vale médio e região açucareira no inferior; e a Ribeira do Iguape (Paraná e São Paulo).

5 - Rios da vertente meridional, também com enchentes de verão: o Itajaí e o Tubarão, em Santa Catarina; o Guaíba, o Camaquã e o Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Os rios de baixada não desempenham papel relevante no sistema de transporte porque seus cursos estão afastados das áreas mais povoadas e também em virtude da política de priorização do transporte rodoviário. Os rios de planalto oferecem grande potencial hidrelétrico.

Em vista do tamanho de seu território, o Brasil é um país de pequenos lagos. Podem ser classificados geneticamente em três categorias:

1 - lagos costeiros ou de barragem, formados pelo fechamento total da costa, por uma restinga ou cordão de areia, como as lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira, no Rio Grande do Sul; Araruama, Saquarema, Maricá, Rodrigo de Freitas e Jacarepaguá, no estado do Rio de Janeiro.

2 - Lagos fluviais ou de transbordamento, formados pela acumulação de excedentes de água da enchente de um rio, típicos dos rios de planície. Os principais são: no vale do Amazonas, Piorini, Saracá, Manacapuru, no Amazonas; Grande de Maicuru e Itandeua, no Pará. No rio Paraguai, Uberaba, Guaíba, Mandioré e Cáceres, no Mato Grosso. No baixo rio Doce, a lagoa Juparanã, no Espírito Santo.

3 - Lagos mistos, combinados dos dois tipos, como a lagoa Feia, no estado do Rio de Janeiro, a do Norte, Manguaba ou do Sul e Jequiá, em Alagoas.