Brasil: Fauna e Flora

FAUNA

A fauna brasileira não conta com espécies de grande porte, semelhantes às que se encontram nas savanas e selvas da África. Na selva amazônica existe uma abundante fauna de peixes e mamíferos aquáticos que habitam os rios e igapós. As espécies mais conhecidas são o pirarucu e o peixe-boi (este em vias de extinção). Nas várzeas há jacarés e tartarugas (também ameaçados de desaparecimento), bem como algumas espécies anfíbias, notadamente a lontra e a capivara e certas serpentes, como a sucuriju. Nas florestas em geral predominam a anta, a onça, os macacos, a preguiça, o caititu, a jibóia, a sucuri, os papagaios, araras e tucanos e uma imensa variedade de insetos e aracnídeos.

Nas caatingas, cerrados e campos são mais comuns a raposa, o tamanduá, o tatu, o veado, o lobo guará, o guaxinim, a ema, a siriema, perdizes e codornas, e os batráquios (rãs, sapos e pererecas) e répteis (cascavel, surucucu e jararaca). Há abundância de térmitas, que constroem montículos duros como habitação. De maneira geral, a fauna ornitológica brasileira não encontra rival em variedade, com muitas espécies inexistentes em outras partes do mundo. São inúmeras as aves de rapina, como os gaviões, as aves noturnas, como as corujas e mochos, as trepadoras, os galináceos, as pernaltas, os columbídeos e os palmípedes.

FLORA

A diversidade do clima brasileiro reflete-se claramente em sua cobertura vegetal. A vegetação natural do Brasil pode ser grupada em três domínios principais: as florestas, as formações de transição e os campos ou regiões abertas. As florestas se subdividem em outras três classes, de acordo com a localização e a fisionomia: a selva amazônica, a mata atlântica e a mata de araucárias. A primeira, denominada hiléia pelo naturalista alemão Alexander von Humboldt (do grego, hilayos, "da floresta", "selvagem") é a maior mata equatorial do mundo. Reveste uma área de cinco milhões de quilômetros quadrados, equivalente a quase o dobro do território da Argentina.

Florestas. A hiléia, do ponto de vista de sua ecologia, divide-se em: mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme. A primeira fica inundada durante cerca de dez meses no ano e é rica em palmeiras, como o açaí (Euterpe oleracea); os solos são arenosos e não cultiváveis nas condições em que se encontram. A mata de várzea é inundada somente nas enchentes dos rios; tem muitas essências de valor comercial e de madeiras brancas, como a seringueira (Hevea brasiliensis), o cacaueiro (Theobroma cacao), a copaíba (Copaifera officinalis), a sumaúma (Ceiba pentandra) e o gigantesco açacu (Hura crepitans). Amata de igapó e a mata de várzea, as duas primeiras divisões da hiléia, têm árvores de folhas perenes. Os solos das várzeas são intrazonais, argilosos ou limosos.

A mata de terra firme, que corresponde a cerca de noventa por cento da floresta amazônica, nunca fica inundada. É uma mata plenamente desenvolvida, composta de quatro andares de vegetação: as árvores emergentes, que chegam a cinqüenta metros ou mais; a abóbada foliar, geralmente entre 20 e 35m, onde as copas das árvores disputam a luz solar; o andar arbóreo inferior, entre cinco e vinte metros, com árvores adultas de troncos finos ou espécimes jovens, adaptados à vida na penumbra; e o sub-bosque, com samambaias e plantas de folhas largas. Cipós pendentes das árvores entrelaçam os diferentes andares. Epífitas, como as orquídeas, e vegetais inferiores, como os cogumelos, liquens, fungos e musgos, convivem com a vegetação e aumentam sua complexidade.

A mata de terra firme é geralmente semidecídua: dez por cento ou mais de suas árvores perdem as folhas na estiagem. Árvores típicas da terra firme são a castanheira (Bertholettia excelsa), a balata (Mimusops bidentata), o mogno (Swietenia macrophylla) e o pau-rosa (Aniba duckei). A heterogeneidade da floresta dificulta sua exploração econômica, salvo onde ocorrem concentrações. O tipo de solo predominante na hiléia é o latossolo.

A mata da encosta atlântica estende-se como uma faixa costeira, do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Suas árvores mais altas chegam geralmente a 25 ou trinta metros. No sul da Bahia e na vertente marítima da serra do Mar, é perenifólia; mais para o interior e em lugares menos úmidos, é semidecídua. Do Paraná para o sul, toma um caráter subtropical: é de menor altura (10 a 15m), perenifólia, mais pobre em cipós e mais rica em epífitas. A peroba (Aspidosperma sp.), o cedro (Cedrella, spp.), o jacarandá (Machaerium villosum), o palmito (Euterpe edulis) e o pau-brasil foram espécies exploradas na mata atlântica.

Além de madeira, a mata atlântica contribuiu muito com seus solos para o desenvolvimento econômico do Brasil. A maior parte deles pertence ao grande grupo dos latossolos vermelho-amarelos, entre os quais se inclui a terra roxa, e nos quais se instalaram várias culturas, como café, cana-de-açúcar, milho e cacau.

O terceiro tipo de floresta é a mata de araucárias. Fisionomicamente, é uma floresta mista de coníferas e latifoliadas perenifólias. Ocorre no planalto meridional, em terras submetidas a geadas anuais. Das matas brasileiras, é a de menor área, porém de maior valor econômico, por ser a mais homogênea. Suas árvores úteis mais típicas são: o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia), produtor de madeira branca; a imbuia (Phoebe porosa), madeira de lei, escura, utilizada em marcenaria; e a erva-mate (Ilex paraguariensis), com cujas folhas tostadas se faz uma infusão semelhante ao chá, muito apreciada nos países do Prata.

Formações de transição. A caatinga, o cerrado e o manguezal são os tipos mais característicos da vegetação de transição. As caatingas predominam nas áreas semi-áridas da região Nordeste e envolvem grande variedade de formações, desde a mata decídua (caatinga alta) até a estepe de arbustos espinhentos. Suas árvores e arbustos são em geral providos de folhas miúdas, que caem na estiagem, e armados de espinhos. São a jurema (Mimosa sp.), a faveleira (Jatropha phyllancantha), o pereiro (Aspidosperma pirifolium), a catingueira (Caesalpinia sp), o marmeleiro (Combretum sp). São também típicas as cactáceas, como o xiquexique (Pilocereus gounellei), o facheiro (Cereus squamosus), o mandacaru (Cereus jamacaru) e outras do gênero Opuntia. Nos vales planos são freqüentes os carnaubais (Copernicia cerifera).

Os cerrados, ou campos cerrados, predominam no planalto central, desde o oeste de Minas Gerais até o sul do Maranhão. São formações constituídas de tufos de pequenas árvores, até dez ou 12m de altura, retorcidas, de casca grossa e folhas coriáceas, dispersos num tapete de gramíneas até um metro de altura, que na estiagem se transforma em um manto de palha. Os cerrados penetram no pantanal mato-grossense, onde se misturam a savanas e formações florestais e formam um conjunto complexo. Os manguezais ocorrem em formações de quatro a cinco metros de altura, na costa tropical, e são compostos sobretudo de Rhizophora mangle, Avicennia spp. e Laguncularia racemosa.

Regiões abertas. As áreas de vegetação aberta, no Brasil, se agrupam em tipos variados. Os campos de terra firme da Amazônia, como os campos do rio Branco (Roraima), os de Puciari-Humaitá (Amazonas) e os do Ererê (Pará), são savanas de gramíneas baixas, com diversas árvores isoladas típicas do cerrado, como o caimbé (Curatella americana), a carobeira (Tecoma caraíba) e a mangabeira (Hancornia speciosa). Os campos de várzea do médio e baixo Amazonas e do pantanal (rio Paraguai) são savanas sem árvores, com gramíneas de um metro ou mais de altura.

Os campos limpos são estepes úmidas que ocorrem na campanha gaúcha, em partes do planalto meridional (campos de Vacaria RS, campos de Lajes e Curitibanos SC; campos gerais, campos de Curitiba e de Guarapuava PR) e no extremo oeste baiano (os gerais). Têm solos geralmente pobres, salvo na campanha, onde se enquadram no tipo prairie degradado.