domingo, 6 de junho de 2010

Mato Grosso do Sul: História

A área que corresponde hoje ao território do Mato Grosso do Sul foi efetivamente povoada quando os fortes militares usados na guerra do Paraguai (1864-1870) transformaram-se, após o conflito, em núcleos urbanos, como Dourados, Miranda e Coxim. Até 1978, a história do Mato Grosso do Sul se confunde com a do Mato Grosso. A idéia do desmembramento dos dois estados surgiu no início do século XX. Expressava interesses e aspirações da região, mas esbarrava em forte resistência do norte, que temia sobretudo o esvaziamento econômico do estado. As aspirações emancipacionistas tiveram um marco importante em 1932, quando o sul aderiu à revolução constitucionalista sob a condição de que esta, uma vez vitoriosa, tornasse realidade a divisão do estado.

A idéia do desmembramento tomou contornos definidos em 1975, com a tese Divisão político-administrativa do Mato Grosso, elaborada pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG), cujos dados serviram de base para a intensificação da campanha pela separação. A decisão do governo federal sobre o assunto foi comunicada pelo presidente Ernesto Geisel ao governador José Garcia Neto em 4 de maio de 1977. Conforme o primeiro projeto de lei, o novo estado se chamaria Campo Grande. Ao ser aprovada a lei pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da república, em 11 de outubro do mesmo ano, mudou-se o nome do estado para Mato Grosso do Sul. Decidiu-se que a capital seria a cidade de Campo Grande.

Duas razões essenciais foram invocadas pelo governo federal para justificar o desmembramento: (1) o fato de ter o estado do Mato Grosso uma área demasiado grande para comportar uma administração eficaz; e (2) a diferenciação ecológica entre as duas áreas, sendo Mato Grosso do Sul uma região de campos, particularmente indicada para a agricultura e a pecuária, e Mato Grosso, na entrada da Amazônia, uma região bastante menos habitada e explorada, e em grande parte coberta de florestas. O governo federal propunha-se também a promover o desenvolvimento da região mediante "projetos de impacto", que não chegaram a tomar forma, e as questões políticas logo reassumiram o primeiro plano.

Novo estado. A lei constitutiva do Mato Grosso do Sul afirmava que, nos seus quatro primeiros anos de existência, a partir de 1º de janeiro de 1979, o novo estado seria governado por um interventor nomeado pelo presidente da república. Naquela data foi investido no cargo, em Brasília, o engenheiro Harry Amorim da Costa. Na ocasião, o presidente Ernesto Geisel acentuou que a criação do Mato Grosso do Sul significava "o reconhecimento de uma realidade econômica e social" e destacou no novo estado -- 27ª unidade da federação brasileira -- a "extraordinária vocação para o desenvolvimento agropecuário e agroindustrial", em função sobretudo da fertilidade dos solos da região de Dourados e do grande potencial agrícola do cerrado.

Antes de um ano no cargo, Harry Amorim foi substituído por Marcelo Miranda. Este, por sua vez, foi demitido já em 1980 pelo presidente da república e substituído por Pedro Pedrossian, "de modo a promover maior entrosamento e unidade política no estado, com vistas às eleições de 1982". Contudo, nem a substituição nem as verbas liberadas em 1981 garantiram a vitória do governo nas eleições de 1982. Elegeu-se governador Wilson Barbosa Martins, ex-deputado federal cassado.

O governo de Wilson Martins deu ênfase à industrialização, mediante a instituição de incentivos -- um dos quais consistia em fixar um prazo de três anos de carência para o recolhimento do imposto de circulação de mercadorias (ICM) das empresas industriais que se estabelecessem no estado até 1989. O novo governo atacou também as ameaças ao meio ambiente, ao apoiar em 1984 a Operação Pantanal 2, organizada pela Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), com a ajuda das forças armadas e das polícias civil e militar. A operação destinava-se a reprimir os "coureiros" que caçavam ilegalmente no pantanal. Martins pronunciou-se também contra a instalação de mais seis destilarias de álcool na bacia do rio Paraguai: o projeto era considerado uma ameaça ao meio ambiente pois previa o despejo de 15 milhões de litros de vinhoto por dia nos rios.

Na década de 1980 o governo estadual procurou voltar-se para os problemas sociais, a educação e a saúde. Foi instalada a primeira companhia da Polícia Florestal, incumbida de reduzir as ações predatórias no pantanal, área depredada por empresas pesqueiras e por caçadores. Implantou-se também o Grupo de Operações de Fronteira (gof) para reprimir o tráfico de drogas, o contrabando e a caça ilegal de animais silvestres nos 400km de fronteiras com a Bolívia e o Paraguai.

A par do desenvolvimento do turismo ecológico, propiciado pelo pantanal, na década de 1990 cresceram as perspectivas de desenvolvimento econômico, sobretudo com a decisão de se concluir as obras da Ferronorte, que permitirá o transporte ferroviário da produção agrícola para o porto de Santos, no estado de São Paulo. Em 1997 foi privatizada a Empresa Energética do Estado de Mato Grosso do Sul.