terça-feira, 10 de agosto de 2010

Rio de Janeiro: Economia

Agricultura e pecuária. No império, a monocultura do café constituía a grande riqueza fluminense, mas a erosão dos solos e a abolição da escravatura provocaram sua decadência. A agricultura tornou-se uma atividade de importância secundária no estado, que no fim do século XX se tornou um dos poucos, no Brasil, com produto industrial superior ao agrícola. A cana-de-açúcar, item mais expressivo da produção agrícola no fim do século XX, mantém-se como principal produto agrícola, com seu cultivo concentrado na região de Campos. O segundo produto é a laranja, cultivada principalmente na região de Itaboraí. Segue-se o tomate, cultivado sobretudo no planalto, junto a sua borda (serra do Mar), juntamente com outras hortaliças e árvores frutíferas (especialmente o caqui).

Outros produtos importantes são a banana e o arroz. A primeira é cultivada na planície litorânea e nas baixas encostas da serra do Mar, predominando nas áreas mais úmidas, que se beneficiam de abundantes chuvas de relevo. O arroz concentra-se na região dos vales dos rios Muriaé e Pomba e é cultivado nos solos aluviais das várzeas da região. Também nessa área está a cultura fluminense de café, que ocupa no cenário nacional papel muito modesto em comparação com o que desfrutou no passado, quando dominava todo o vale do Paraíba. Entre os principais produtos do estado, figuram ainda a mandioca (região de Campos), o milho (vales dos rios Muriaé e Pomba), o feijão (vale do Paraíba), a batata-inglesa (planalto, junto ao rebordo) e o abacaxi (baixada fluminense, em torno do Grande Rio).

A criação de bovinos está voltada principalmente para a produção de leite e derivados. A bacia leiteira do estado se localiza sobretudo na região do vale do Paraíba do Sul, onde a atividade criatória surgiu em substituição à cultura cafeeira, em fins do século XIX. A criação de suínos concentra-se na porção setentrional do estado, onde a cultura do milho alcança maior desenvolvimento. Outro setor importante é o da criação de galinhas e produção de ovos. Ligada à expansão do mercado do Grande Rio, essa atividade se localiza tanto na baixada como no planalto.

Também a pesca assume posição de relevo, ao aproveitar o mercado urbano e a infra-estrutura estabelecida no estado (construção naval, entrepostos, indústria de enlatados). No setor, uma das atividades de maior valor econômico é a pesca da sardinha.

Indústria de transformação. Somente no fim do século XIX é que começaram a ser implantadas indústrias de porte (moinhos de trigo nos portos do Rio de Janeiro e Niterói), e indústrias têxteis nas cercanias das quedas-d'água (rio Majé, Petrópolis e Nova Friburgo). No século XX as indústrias multiplicaram-se, mas o processo não foi suficiente para manter o estado na liderança econômica do país, que passou para São Paulo.

Foi a partir da década de 1940 que a ação governamental, ao implantar o programa de indústrias de base, localizou no estado do Rio de Janeiro alguns grandes complexos industriais: a Companhia Siderúrgica Nacional (Volta Redonda), a Companhia Nacional de Álcalis (Arraial do Cabo, distrito de Cabo Frio); a Fábrica Nacional de Motores (Majé), comprada pela Fiat italiana e transferida em 1979 para Minas Gerais; e a refinaria e a fábrica de borracha sintética da Petrobrás (Duque de Caxias).

A partir da década de 1960, o desenvolvimento industrial, em busca de novos mercados, inclusive o externo, viu-se favorecido por novas condições de infra-estrutura, com a criação de zonas e distritos industriais -- inclusive a do Rio de Janeiro, onde foi instalada a Companhia Siderúrgica da Guanabara (Cosigua) -- e a abertura de novas rodovias. Multiplicaram-se as fábricas, em detrimento dos antigos centros têxteis, estagnados ou decadentes. Expandiu-se também a construção civil, que se tornou importante fonte de absorção de mão-de-obra. Setorialmente, cumpre destacar a implantação de grandes estaleiros no Rio de Janeiro, Niterói e Angra dos Reis, na década de 1960, responsáveis pela renovação e ampliação da frota mercante brasileira.

O estado situa-se como o segundo em desenvolvimento industrial em todo o país. A maior parte das fábricas concentra-se no município da capital e em sua região metropolitana. Além do importante complexo industrial carioca, onde se destaca a construção naval, a siderurgia e indústrias de alimentos e bebidas, cabe mencionar os núcleos industriais de Niterói (metalurgia, construção, vidro, conservas de peixe), São Gonçalo (cimento, vidro, metalurgia); Itaboraí (cimento e cerâmica), Majé (têxteis), Duque de Caxias (material de construção, estamparia, lataria, produtos químicos e farmacêuticos, refinaria de petróleo, fábrica de automóveis) e Nova Iguaçu (fundições, laminações, trefilarias, estruturas metálicas).

Dispersas nas proximidades do Grande Rio assinalam-se os núcleos industriais de Petrópolis e Nova Friburgo (têxteis) e, mais afastados, os de Arraial do Cabo (Fábrica Nacional de Álcalis), Campos dos Goitacases (usinas de açúcar), Angra dos Reis (construção naval). Outra área industrial beneficiada por sua posição, ao longo do eixo de ligação Rio -- São Paulo, é a do médio vale do Paraíba do Sul. Os principais centros são Volta Redonda (Companhia Siderúrgica Nacional), Barra Mansa (metalurgia e produtos alimentícios) e Resende (indústria automotiva).

Indústria extrativa. Bastante amplos, os recursos naturais de origem mineral têm grande aproveitamento na indústria de construção. Verificam-se no estado ocorrências de águas minerais, calcários, pirita, grafita, argilas, turfa, areias monazíticas, gipsita e berilo, além de traços de níquel, bauxita, feldspato e cristal de rocha. No litoral, principalmente em Cabo Frio, Araruama e São Pedro da Aldeia, a formação de salinas faz com que a extração do sal marinho constitua importante atividade econômica, de modo a oferecer condições de funcionamento à indústria de soda cáustica.

Outros depósitos de exploração intensa são os de calcários (dolomita, calcita e mármore). Há, igualmente, apreciáveis depósitos conchíferos (carbonato de cálcio) na lagoa de Araruama e outros locais. Com a descoberta da bacia petrolífera na plataforma continental de Campos (1973), o estado tornou-se o maior produtor nacional de petróleo, com mais de sessenta por cento da produção nacional; é responsável também por cerca de quarenta por cento da produção brasileira de gás natural. Entre os inúmeros campos em exploração na plataforma continental do estado, destacam-se os depósitos gigantes de Marlim, Albacora e Barracuda, que vieram somar-se aos mais antigos de Pampo, Namorado, Linguado, Cherne e Garoupa.

Energia. No início da década de 1990, a geração de energia atingia a casa de 10.000GWh, produzidos em sua maior parte por hidrelétricas, entre as quais se destacam a Nilo Peçanha, a do Funil, a da ilha dos Pombos, a Fontes e a Pereira Passos. Em Angra dos Reis localiza-se a primeira usina nuclear do país, a central nuclear Álvaro Alberto, mais conhecida como Angra I, de funcionamento irregular e cujos problemas já provocaram longos debates e contestações.

Transportes. O estado do Rio de Janeiro é servido pelas linhas das antigas estradas de ferro Central do Brasil, Leopoldina e Viação Férrea Centro-Oeste, integrantes da Rede Ferroviária Federal. As linhas da Leopoldina servem a subúrbios da capital e à parte oriental do estado, com vários troncos e numerosos ramais, através dos quais se fazem as ligações com o Espírito Santo e a zona da Mata de Minas Gerais. As linhas da Central do Brasil servem a subúrbios da capital e à parte ocidental do estado, através de um tronco que liga a capital do estado a São Paulo e a Minas Gerais. As da Centro-Oeste servem apenas a poucos municípios junto ao sul de Minas Gerais. Sua única penetração mais profunda no estado atinge Angra dos Reis, cujo porto atende à região central de Minas Gerais.

A rede de rodovias pavimentadas se multiplicou em função da capital, servida por estradas federais que a colocam em contato com outras unidades da federação. Assim, a BR-101 cruza a baía de Guanabara pela ponte Presidente Costa e Silva (Rio-Niterói) e atravessa o estado, passando por Campos dos Goitacases, Rio Bonito, Niterói, Mangaratiba e Angra dos Reis. A rodovia Presidente Dutra, parte da BR-116, liga a capital à cidade de São Paulo, passando pelas cidades fluminenses de Nova Iguaçu, Barra Mansa e Resende. A rodovia Washington Luís parte da capital em direção a Minas Gerais, servindo a Duque de Caxias, Petrópolis e Três Rios. Além dessas estradas, cabe mencionar a BR-492, que faz a ligação Niterói-Nova Friburgo-Cordeiro-São Fidélis; e a BR-40, que liga São João da Barra, Campos, Itaperuna e Muriaé MG.

Operam no estado os portos do Rio de Janeiro e Angra dos Reis, respectivamente o terceiro e o quarto do país em carga movimentada. O porto de Sepetiba é um terminal de minérios, para a exportação em grande escala dos produtos provenientes de Minas Gerais. Com pouco movimento, operam os portos de Niterói e Forno. Perto do porto do Rio de Janeiro, funciona o terminal oceânico Almirante Tamandaré, da Petrobrás.

A capital conta com três aeroportos civis, o Internacional do Rio de Janeiro, capaz de receber aparelhos supersônicos, o Santos Dumont, exclusivo para linhas domésticas, e o de Jacarepaguá, para pequenos aviões.

Comunicações. A cidade do Rio de Janeiro é desde a década de 1970 o principal centro gerador de programas de televisão para todo o país. O mesmo ocorre com as telecomunicações em geral, que fizeram do estado o maior centro difusor do país, sobretudo graças às antenas da estação de satélites da Embratel em Itaboraí e ao ponto extremo do cabo submarino para a Europa, o Bracan I, na capital.