sábado, 8 de maio de 2010

Bahia: Geografia

Geologia e relevo. Aproximadamente setenta por cento do território estadual se encontram entre 300 e 900m e 23% abaixo de 300m. O quadro morfológico compreende três unidades: a baixada litorânea, o rebordo do planalto e o planalto.

Constitui a baixada litorânea o conjunto de terras situadas abaixo de 200m de altitude. Erguem-se aí, dominando as praias e os areais da fímbria litorânea, terrenos de feição tabular, os chamados tabuleiros areníticos. Para o interior, esses terrenos cedem lugar a uma faixa de colinas e morros argilosos, de solo espesso, relativamente fértil, sobretudo no Recôncavo, onde se encontra o famoso massapê baiano. Tanto a faixa das colinas e morros como a dos tabuleiros são cortadas transversalmente pelos rios que descem do planalto; ao longo deles estendem-se amplas planícies aluviais (várzeas) sujeitas a inundações que lhes renovam periodicamente os solos com a deposição de novos aluviões.

O rebordo do planalto ergue-se imediatamente a oeste dos morros e colinas, formando uma faixa de terrenos muito acidentados, por meio da qual se ascende da baixada ao planalto. Ao norte de Salvador, o rebordo do planalto desaparece, pois a transição entre planalto e baixada se faz suavemente.

O planalto ocupa a maior parte do estado e está dividido em cinco compartimentos bem individualizados: planalto sul-baiano, Espinhaço, depressão são-franciscana, planalto ocidental e pediplano.

O planalto sul-baiano, talhado em rochas cristalinas antigas, situa-se no sudeste do estado. Sua superfície, com 800 a 900m de altitude média, apresenta-se suavemente ondulada, com amplos vales de fundo chato. Entretanto, os rios de Contas e Paraguaçu abriram em seu seio profundos vales, dividindo-o em três seções: o planalto de Conquista, no sul; o de Itiruçu, no centro; e o de Cruz das Almas, no norte.

O Espinhaço consiste em uma faixa de terrenos elevados (1.300m de média e 1.850m no pico das Almas, seu ponto culminante) que corta o estado de norte a sul pelo centro. Sua superfície ora se apresenta como alinhamentos montanhosos (cristas quartzíferas), ora como elevações tabulares ou cuestas. Estas últimas predominam na porção oriental e setentrional, formando um amplo conjunto de formas suaves denominado chapada Diamantina.

A depressão são-franciscana estende-se a oeste do Espinhaço, com disposição semelhante, isto é, formando faixa de sentido norte-sul. Constituem-na terras de reduzida altitude (400m em média) e relativamente planas, que com suave inclinação caem para o rio São Francisco. Ao longo dos vales de alguns afluentes do curso médio desse rio, especialmente os rios Corrente e Grande, a depressão lança para oeste prolongamentos em forma de dedos. No fundo da depressão fica a planície aluvial do São Francisco, periodicamente inundada por suas cheias.

O planalto ocidental, constituído de rochas sedimentares, ergue-se a oeste da depressão são-franciscana, com uma altura aproximada de 850m. Seu topo regular imprime-lhe feição tabular e o caráter de extenso chapadão, a que se aplica o nome genérico de Espigão Mestre.

O pediplano compreende toda a porção nordeste do planalto baiano. Aí se desenvolvem amplas superfícies que se inclinam suavemente para o litoral, a leste, e para a calha do São Francisco, ao norte, com altitudes entre 200 e 500m. Esses terrenos exibem o modelado típico de clima semi-árido, observado em todo o sertão da região Nordeste: grandes planuras nas quais despontam, aqui e ali, picos e maciços isolados (inselbergs). Formam o subsolo dessa região rochas cristalinas antigas, com exceção de uma faixa de formações sedimentares, que do Recôncavo se projeta para o norte, dando lugar a uma série de chapadas areníticas também denominadas tabuleiros.

Clima. Três tipos climáticos se observam na Bahia: o clima quente e úmido sem estação seca, o clima quente e úmido com estação seca de inverno e o clima semi-árido quente, identificados no sistema de Köppen pelos símbolos Af, Aw e BSh, respectivamente. O primeiro domina ao longo do litoral, com temperaturas médias anuais de cerca de 23o C e totais pluviométricos superiores a 1.500mm. O segundo caracteriza todo o interior, com exceção da parte setentrional e do vale do São Francisco. Apresenta temperaturas médias anuais que variam entre 18o C nas áreas mais elevadas e 22o C nas áreas mais baixas, e totais pluviométricos equivalentes a mil milímetros. O terceiro tipo climático é encontrado no norte do estado e no vale do São Francisco. As temperaturas médias anuais superam 24o e mesmo 26o C, mas a pluviosidade é inferior a 700mm.

Vegetação. Perto de 64% do território baiano é revestido por caatingas, 16% por cerrados, 18% por florestas e dois por cento por campos. As florestas ocorrem na área litorânea e ocupam uma faixa de terra cuja largura varia entre cem quilômetros (no Recôncavo) e 250km (no vale do rio Pardo). No lado oriental apresentam-se como matas perenes, no centro como semidecíduas e no lado ocidental como decíduas agrestes. A principal área de ocorrência de cerrados é o planalto ocidental. Outras manchas, pequenas, surgem em meio às áreas de caatinga. Os campos aparecem também no planalto ocidental, formando uma estreita mancha disposta no sentido norte-sul. As caatingas revestem todo o resto do estado, isto é, a maior parte de seu interior. Todos esses tipos de vegetação encontram-se hoje bastante modificados por interferência do homem.

Hidrografia. Os rios da Bahia pertencem a dois grupos: o primeiro é integrado pelo São Francisco e seus afluentes. Entre esses últimos destacam-se os afluentes da margem esquerda, que nascem no planalto ocidental (Carinhanha, Correntes, Grande e seu afluente, o Preto). O segundo grupo compreende os rios que correm diretamente para o Atlântico (Mucuri, Jequitinhonha, Pardo, Contas, Paraguaçu, Itapicuru e Vaza Barris). Os dois grupos incluem, na região semi-árida, rios de regime intermitente.