sábado, 8 de maio de 2010

Minas Gerais: Geografia

Geologia e relevo. O estado possui um relevo de planalto, com grandes extensões planas ou com pouca ondulação, dispostas em níveis relativamente elevados. Com mais de noventa por cento de sua área acima de 300m de altitude, quase sessenta por cento acima de 600m e cerca de vinte por cento entre 900 e 1.500m, Minas Gerais é a mais elevada de todas as unidades da federação. O quadro morfológico compreende cinco unidades de relevo: o planalto cristalino, a serra do Espinhaço, a depressão do São Francisco, o planalto ocidental e o planalto basáltico.

Planalto cristalino. Com altitude média de 800m, o planalto cristalino engloba toda a porção oriental e meridional do estado. É constituído por formações de rochas cristalinas antigas, cuja decomposição produz um espesso manto vermelho-amarelado de terras argilosas. Ao sul e a leste, o planalto cristalino termina num rebordo bastante pronunciado, cujo traçado segue de perto os limites orientais e meridionais do estado. No trecho meridional, ao sul do rio Doce, o rebordo recebe a denominação de serra da Mantiqueira (com suas ramificações, a serra da Chibata e a dos Aimorés). Apresenta forte escarpamento e é coroado por dois maciços montanhosos: o maciço do Caparaó (com 2.890m no pico da Bandeira, que já foi considerado o ponto culminante do Brasil), na divisa com o Espírito Santo; e o maciço do Itatiaia (com 2.787m no pico das Agulhas Negras), na divisa com o estado do Rio de Janeiro. No trecho setentrional, ao norte do rio Doce, o rebordo tem a feição de uma encosta acidentada que desce em patamares para as baixadas litorâneas dos estados de Espírito Santo e Bahia. Alguns rios cortam o rebordo do planalto em sua descida em direção ao Atlântico: Jequitinhonha, Mucuri, Doce, Pomba e Muriaé. O rio Doce abre no planalto um amplo vale que desce suavemente para o Espírito Santo. Mais para sul, os rios Muriaé, Pomba e outros afluentes da margem esquerda do Paraíba do Sul, abrem na Mantiqueira um grande anfiteatro, que dá lugar ao relevo mais suave da zona da Mata de Minas Gerais.

A serra do Espinhaço ergue-se cerca de 300m sobre a superfície do planalto e atravessa o território do estado pelo centro, na direção de sul para norte. Começa nas proximidades da cidade de Conselheiro Lafaiete e depois de cortar o estado, avança pelo território da Bahia, que também corta pelo meio. A serra é constituída de uma série de cristas montanhosas esculpidas em terrenos algonquianos, sobretudo quartzitos. Aí se encontram as principais jazidas minerais do estado, sobretudo ferro, manganês, bauxita e ouro.

A depressão do São Francisco estende-se a oeste do Espinhaço e também corta os estados de Minas Gerais e Bahia pelo centro. Consiste em uma faixa de terrenos planos que cai suavemente de 700m, ao sul, para 450m, ao norte, no limite com a Bahia. Pelo centro da depressão corre o rio São Francisco, com sua estreita planície de inundação.

O planalto ocidental eleva-se a oeste da depressão do São Francisco, com cerca de 1.000m de altitude. É formado por uma série de chapadões areníticos, separados uns dos outros por amplos vales, entre os quais os dos rios Paracatu e Urucuia.

O planalto basáltico representa uma extensão do planalto meridional pelo território de Minas Gerais, do qual ocupa a região do Triângulo Mineiro. Possui um relevo tabular com amplas planuras escalonadas, resultado da alternância de extratos de arenitos e de basalto. Aos últimos correspondem solos de terra roxa, produto de sua decomposição.

Clima. Três tipos climáticos caracterizam o estado. O tropical com chuvas de verão e invernos secos ocorre nas porções mais baixas do estado, zona da Mata, depressão são-franciscana, porção nordeste do planalto cristalino. Registra temperaturas médias anuais de 22o a 23o C e pluviosidade anual de 1.300 a 1.400mm no sul e de 700 a 900mm no norte do estado. O segundo tipo, mesotérmico de altitude, com verões quentes, aparece sempre como uma faixa de transição entre os outros dois. E o terceiro tipo, tropical de altitude, marcado por verões amenos, ocupa os trechos onde mais se faz sentir o efeito da altitude sobre a temperatura. Esses dois últimos tipos ocorrem nas porções mais elevadas de Minas Gerais, isto é, no centro e no sul do estado. Apresentam temperaturas médias de 17o a 20o C e pluviosidade em geral acima de 1.300mm anuais.

Vegetação. As florestas tropicais, hoje praticamente extintas, recobriam originalmente todo o sul e o leste do estado. Eram ainda encontradas em manchas isoladas, em áreas dotadas de melhores solos, nas regiões de cerrado: a mata da Jaíba, no norte do estado; a mata da Corda, no chapadão do mesmo nome; e as matas dos vales dos rios Parnaíba e Grande.

Todo o resto do estado é hoje ocupado, em grande parte, por campos cerrados. Além desses dois tipos de vegetação, registram-se em Minas Gerais ocorrências de campos limpos (alta bacia do rio Grande) e de caatingas (alto vale do rio Jequitinhonha e confins de Minas Gerais com Bahia). A interferência do homem modificou da modo profundo o revestimento vegetal de Minas Gerais, sobretudo nas áreas florestais, cujas matas foram quase totalmente devastadas, ora sacrificadas à produção de carvão vegetal, ora à formação de campos de cultura e de pastagens artificiais, ora à exploração madeireira.

Hidrografia. Três domínios hidrográficos se observam em Minas Gerais. O primeiro deles é a bacia do rio São Francisco, que se desenvolve do centro do estado para o norte. Além do próprio São Francisco, destacam-se nessa bacia os rios Paracatu, Urucuia e das Velhas. O segundo domínio hidrográfico é a bacia do Paraná, que banha parte do oeste, todo o Triângulo Mineiro e o chamado sul de Minas; não inclui o rio Paraná, mas apenas seus formadores, os rios Paranaíba e Grande, e afluentes. Finalmente, ocupa a fachada oriental do estado o conjunto das pequenas bacias independentes drenadas para a bacia do Paraná: as dos rios Pardo, Jequitinhonha, Mucuri, Doce e afluentes da margem esquerda do rio Paraíba do Sul. Toda a rede hidrográfica estadual obedece a regime tropical com cheias no verão.

Como Minas Gerais possui um relevo de planalto, apenas uma pequena parcela de seus rios é navegável. O São Francisco, navegável de Pirapora até Juazeiro BA, oferece a mais extensa via fluvial do estado. A ela se somam parte do curso dos rios Paracatu e Urucuia. São ainda navegáveis o rio Grande, a montante da cachoeira do Marimbondo, e o rio Doce, a jusante de Governador Valadares.