sexta-feira, 7 de maio de 2010

São Paulo: Economia

Agricultura. O setor agropecuário ocupa, na economia paulista, posição secundária em relação à indústria e aos serviços. Entretanto, quando comparado com os outros estados brasileiros, o setor agrícola paulista aparece como o mais importante do país.

Embora alguns métodos agrícolas utilizados em São Paulo ainda sejam atrasados, em comparação com os de outros países, quando cotejados às práticas tradicionais de uso mais freqüente no Brasil mostram-se bastante evoluídos. Um expressivo indicador do adiantamento da agricultura paulista é a mecanização da lavoura, que se acentuou a partir da década de 1960.

Outra transformação fundamental, mas que se desenvolve há muito mais tempo, consiste no processo de diversificação da agricultura. O aumento crescente da população urbana, a formação de um poderoso mercado consumidor na área metropolitana de São Paulo e o desenvolvimento da indústria de beneficiamento e transformação de produtos agrícolas provocaram o surgimento de numerosas culturas (amendoim, banana, tomate, batata-inglesa, laranja, cebola, uva, mamão, tangerina, soja), cujo valor global de produção supera o dos produtos tradicionais, como café, algodão, milho e arroz. A economia agrícola de São Paulo já não depende mais, tanto quanto no passado, do mercado externo. O mercado interno brasileiro, especialmente o mercado local paulista, é hoje o centro em torno do qual gira a maior parte das atividades agrícolas do estado.

Muito associada a esse processo de diversificação da produção está uma outra moderna tendência da agricultura de São Paulo: a recuperação de solos desgastados e abandonados pela cultura do café. Essas terras, revalorizadas pelo crescente aumento da demanda interna, vêm sendo retomadas para cultivo, mediante a utilização de técnicas modernas, sobretudo a da adubagem química e orgânica. O principal produto agrícola do estado, quanto ao valor de produção, é o café. Outrora o maior produtor mundial de café, São Paulo vê de tempos em tempos sua produção superada também em território nacional.

A distribuição geográfica da cultura de café em São Paulo contrasta fortemente com a que se observa no Paraná, onde o cultivo se concentra no norte, região com alta densidade de produção. As áreas com alta densidade de produção em São Paulo formam pequenas manchas isoladas, com extensão um pouco maior apenas na região da Alta Paulista, isto é, no espigão que forma o divisor de águas entre os rios Peixe e Aguapeí. Em compensação, ao contrário do Paraná, onde o café só aparece no norte, em São Paulo é cultivado em todo o interior, sendo raras as áreas com densidade inferior a uma tonelada por quilômetro quadrado. O café tem, em São Paulo, o caráter de uma cultura dispersa, integrada numa agricultura altamente diversificada, onde raras vezes assume o papel de cultura dominante.

Outro importante produto agrícola do estado é a laranja, cultura que se expandiu com grande rapidez e hoje domina as atividades agrícolas na porção oriental do planalto paulista, sobretudo nos arredores da Grande São Paulo. São Paulo é o maior produtor brasileiro de cana-de-açúcar, contribuindo com mais da metade da produção do país. A cultura canavieira apresenta no estado imensa concentração geográfica, destacando-se, nesse cultivo, a área de Piracicaba e a de Ribeirão Preto. As duas, juntas, são responsáveis por cerca de um terço da produção estadual.

São relevantes também o algodão, o milho e a soja, introduzida em São Paulo em 1977. O algodão é cultura típica do planalto ocidental, onde ocupa solos não utilizados pelo café, baixas encostas e fundos de vale. A cultura do milho está difundida em todo o estado, onde contribui para a alimentação da população rural e é utilizada na engorda de porcos, como ração básica. De grande importância econômica são também o amendoim, cultivado no planalto ocidental; o arroz, nos vales dos rios Paraíba e Grande; e a banana, na baixada litorânea. Numerosos outros produtos completam a extensa lista das culturas paulistas, na qual figuram com destaque as hortaliças e as frutas, em especial o tomate e a uva.

Pecuária. O estado de São Paulo tem um dos maiores rebanhos bovinos do país. A principal área de criação é o planalto ocidental. A pecuária regional especializa-se na engorda de garrotes provenientes de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul. Os animais, após estada de um ano nas invernadas, são abatidos nos frigoríficos locais (Barretos, Araçatuba, Andradina e São José do Rio Preto), de onde a carne é enviada para os centros consumidores, a Grande São Paulo e o Grande Rio, em caminhões frigoríficos. Outra área de adensamento da população bovina é o vale do Paraíba do Sul, região especializada na produção de leite. São Paulo é o segundo produtor nacional de leite, superado apenas por Minas Gerais.

Além do vale do Paraíba, a bacia leiteira paulista inclui o restante do planalto cristalino, especialmente a região da encosta ocidental da serra da Mantiqueira, a depressão interior e a fachada oriental do planalto ocidental. O crescimento da avicultura no estado tem sido também vertiginoso.

Indústria. O mais significativo aspecto da economia paulista reside na extraordinária concentração da atividade industrial que se verifica em seu território. Há várias décadas, a indústria paulista mantém sua liderança sobre a indústria de todo o país e contribui com grande parte do PIB brasileiro e estadual. Esses dados se tornam mais expressivos quando comparados aos dos estados brasileiros que figuram como os mais industrializados do país, depois de São Paulo. A produção industrial paulista supera de longe a do estado do Rio de Janeiro, a de Minas Gerais e a do Rio Grande do Sul.

A preponderância paulista nas atividades fabris acentua-se ainda mais quando a análise desce ao nível dos gêneros de indústria. Vemos, então, que são poucas as indústrias em que São Paulo detém menos de metade do valor total de produção, como a química, produtos alimentícios, bebidas, couro e madeira. Ao mesmo tempo, concentram-se pesadamente em São Paulo alguns gêneros de indústria característicos dos estágios mais avançados do desenvolvimento, como a indústria de material de transportes, na qual se inclui a indústria automobilística, mecânica, de material elétrico e comunicações, e outras, como a indústria editorial e gráfica, de perfumaria e da borracha. Na verdade, é em São Paulo que se encontra a maior parte da indústria de bens de consumo duráveis do país.

Na distribuição geográfica da indústria dentro do estado observa-se forte tendência à concentração espacial. Em torno da capital estadual, criou-se uma área de adensamento fabril, cujo núcleo ou centro é formado pela chamada Grande São Paulo. Desse núcleo, destacam-se quatro projeções formadas pelas áreas industriais do vale do Paraíba, da Paulista, de Sorocaba e da baixada santista. O complexo fabril da Grande São Paulo compreende, além da capital estadual, as cidades do chamado ABCD -- Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e Diadema -- e mais os municípios de Guarulhos, Caieiras, Osasco, Barueri, Cotia, Embu, Taboão da Serra e Suzano. Nessa área, encontra-se o maior e mais diversificado parque industrial do país.

A indústria química é uma das mais importantes do estado quanto ao valor da produção, embora ocupe pequena porção da mão-de-obra empregada no setor industrial paulista. Ganhou impulso a partir de 1970, quando o estado de São Paulo (ao lado da Bahia) surgiu naturalmente como importante pólo petroquímico, devido à proximidade do mercado e à infra-estrutura -- técnica, comercial e administrativa -- já existente.

Outra importante indústria do estado é a metalúrgica, a maior parte da qual concentrada na capital. Entretanto, são os municípios do ABCD, com numerosos estabelecimentos de grande porte, que respondem pela maior parte do valor da produção. As atividades mais características são a forjaria e a fabricação de estruturas metálicas. Embora as grandes usinas siderúrgicas do país estejam localizadas fora da Grande São Paulo, essa região responde por boa parte da produção metalúrgica nacional.

Destacam-se também no setor industrial paulista, a indústria de material de transporte e a de produtos alimentícios. As grandes empresas de material de transporte estão quase todas localizadas nos municípios vizinhos da capital, São Caetano do Sul, Santo André, Moji das Cruzes, Diadema e São Bernardo do Campo. Esse último concentra várias fábricas de veículos. O estado de São Paulo é responsável pela maior parte da produção nacional da indústria automotiva.

Entre os produtos alimentícios do estado figuram os óleos vegetais, os laticínios e a carne. Em Piracicaba e Ribeirão Preto concentra-se a produção de açúcar. Com quase o mesmo valor de produção da indústria de alimentos, está a indústria mecânica, que detém a maior parte da produção nacional. Seus modernos estabelecimentos se localizam principalmente na periferia da capital. Em Santo André e São Bernardo do Campo estão representados todos os ramos desse gênero industrial.

As indústrias de material elétrico e de comunicações também respondem por um elevado percentual da produção nacional. Estão localizadas sobretudo nos municípios do ABCD, onde se instalaram muitas das mais importantes empresas brasileiras do setor. Destacam-se ainda no estado as indústrias têxtil, de transformação de minerais não-metálicos, de vestuário, de calçados, de papel e papelão, de produtos de materiais plásticos e de borracha, entre outras.

Energia e mineração. Como a mais industrializada das unidades da federação, São Paulo é também o maior produtor e consumidor de energia do país. Quase noventa por cento da energia gerada no estado é de origem hidráulica. A maior usina hidrelétrica do estado é a de Estreito, no rio Grande. Seguem-se as usinas Henri Borden I e Henri Borden II, situadas ambas em Cubatão e movidas por águas desviadas para a vertente da serra do Mar, por meio de um sistema de represas e canais, construídos no dorso do planalto. Junto à divisa com o Mato Grosso do Sul situam-se as usinas hidrelétricas de Jupiá e Ilha Solteira, do sistema Urubupungá.

A maior usina termelétrica do estado é a de Piratininga, instalada no município de São Paulo. São Paulo é também o maior consumidor e produtor nacional de derivados de petróleo. Quatro refinarias funcionam em seu território: a Matarazzo, no município de São Paulo; a Capuava, no município de Mauá; a Presidente Bernardes, no município de Cubatão; e do Planalto, no município de Paulínia.

Embora o estado seja relativamente pobre em reservas minerais, conta com jazidas de elevada importância econômica: de apatita em Jacupiranga, Ipanema e Registro, que concorrem para a produção de superfosfatos e outros fertilizantes; de bauxita; de calcários em São Roque, Capão Bonito e Apiaí, que fornecem matéria-prima para a indústria de cimento; de minério de cobre em Itapeva, onde também se faz o preparo de concentrados; de xisto pirobetuminoso na região de Taubaté-Tremembé, cuja utilização industrial vem sendo estudada pela Petrobrás; de talco e mármore; e de zircônio, minérios de ferro, níquel, chumbo e estanho.

Transporte. A rede ferroviária do estado tem traçado característico. As estradas de ferro, que se abrem como um leque sobre o planalto, convergem para a capital, onde se verifica um afunilamento, pois apenas duas linhas descem para a baixada santista: a Santos-Jundiaí (integrante da Rede Ferroviária Federal -- 9ª Divisão) e um ramal da Estrada de Ferro Sorocabana. Dez companhias de estrada de ferro operam no estado. A 9ª Divisão da Rede Ferroviária Federal (Santos-Jundiaí), com apenas 139km, é uma das mais importantes, pelo fato de ligar o planalto à baixada, pela serra do Mar, e por servir à mais ativa área econômica do estado. A 10ª Divisão da Rede Ferroviária Federal (Noroeste) estende-se de Bauru até Corumbá, ligando São Paulo ao estado de Mato Grosso do Sul e daí à Bolívia.

Seis companhias, antes autônomas, foram reunidas numa empresa holding, pertencente ao estado, sob a denominação de Fepasa (Ferrovias Paulistas S.A.): a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, que prolonga a Santos-Jundiaí, com linhas que seguem em direção aos rios Paraná e Grande; a Companhia Mojiana de Estradas de Ferro, que serve à região situada nas proximidades da divisão com Minas Gerais, estado sobre o qual suas linhas se estendem, atingindo o Triângulo Mineiro e o sul de Minas; a Estrada de Ferro Sorocabana, que é a mais extensa das ferrovias paulistas e cobre todo o sul de São Paulo, prolongando-se pelo Paraná; a Estrada de Ferro Araraquara, que, partindo da cidade de Araraquara, onde chegam os trilhos da Paulista, lança uma única linha-tronco em direção ao rio Paraná, que atinge Porto Tabuada. As demais estradas paulistas, as duas primeiras do estado e a terceira de propriedade particular, com extensão muito reduzida, têm apenas importância local: Estrada de Ferro São Paulo-Minas, Estrada de Ferro Campos do Jordão e Estrada de Ferro Votorantim.

A 6ª Divisão da Rede Ferroviária Federal (Central), não é uma estrada paulista, mas uma ferrovia de caráter nacional. A Central liga a capital paulista à cidade do Rio de Janeiro, através do vale do Paraíba do Sul. As ferrovias desempenharam papel decisivo na evolução econômica de São Paulo. Tornaram possível a expansão da cultura do café pelo interior do estado e contribuíram, assim, para a ocupação do planalto paulista. A influência das estradas de ferro no povoamento foi tão marcante que o nome das companhias acabou por se imprimir na toponímia estadual, designando amplas áreas do interior, como a Mojiana, a Araraquarense, a Noroeste, a Paulista e a Sorocabana.

Já o papel da rodovia, de implantação mais recente, tem-se caracterizado principalmente pela intensificação das relações entre as áreas já há muito povoadas e pela extensão da influência econômica de São Paulo aos estados vizinhos. Entre as principais estradas de rodagem figuram as ligações São Paulo-Santos (via Anchieta e rodovia Imigrantes, esta de 1976), São Paulo-Campinas (via Anhangüera), São Paulo-Belo Horizonte (rodovia Fernão Dias), São Paulo-Rio de Janeiro (via Presidente Dutra, parte da BR-116), São Paulo-oeste do estado (rodovia Castelo Branco), São Paulo-Brasília e São Paulo-Curitiba-Porto Alegre. A essas se vem juntar, no litoral, a rodovia Rio-Santos, parte da BR-101.

O sistema de vias de circulação interior do estado de São Paulo inclui ainda, nos rios Paraná e Tietê, algumas centenas de quilômetros tornados navegáveis mediante a construção de represas e eclusas. Uma parte da produção dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo (madeira, cereais, gado em pé) é transportada em chatas, construídas no estaleiro Centro-Oeste, situado em Presidente Epitácio SP. São Paulo conta também com quatro oleodutos. O mais antigo é o oleoduto Santos-São Paulo, pertencente à Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. Os demais pertencem à Petrobrás: o São Sebastião-Cubatão, que liga o terminal de São Sebastião à refinaria Presidente Bernardes; o São Sebastião-Paulínia, entre o mesmo terminal e a refinaria de Paulínia; e o Paulínia-Barueri, que liga aquela refinaria à Grande São Paulo.

O porto de Santos, que é no país o quarto em movimento de carga (vêm, antes dele, os de Tubarão ES, Itaqui MA e São Sebastião SP), foi ampliado por meio de obras como a construção de terminais para contêineres, fertilizantes (margem esquerda) e para cereais (margens esquerda e direita). O terminal para fertilizantes praticamente eliminou o congestionamento que dificultava a operação do porto nos últimos anos. Para esse resultado, também contribuiu a construção do terminal de São Sebastião, pela Petrobrás.

Os principais aeroportos do estado são os de Viracopos, internacional, situado em Campinas; o de Congonhas, na cidade de São Paulo, que serve ao tráfego doméstico; e o de Cumbica, internacional, em Guarulhos, perto da capital, inaugurado em meados da década de 1980.

Comércio e serviços. Embora o estado de São Paulo concentre aproximadamente vinte por cento da população do país, cabe-lhe um percentual maior do montante nacional das vendas de estabelecimentos comerciais. A participação do estado na receita total dos estabelecimentos de prestação de serviços que operam no país é também bastante superior à proporção da população nacional que vive em seu território.

Isso traduz não só o maior poder aquisitivo da população estadual como também a utilização do setor terciário paulista por populações de outros estados. É o caso, particularmente, do comércio de atacado, que distribui mercadorias a uma grande rede de varejistas, situada em parte além dos limites de São Paulo.