sábado, 8 de maio de 2010

Minas Gerais: Economia

Agricultura. As mais importantes áreas de cultura do estado correspondem às antigas áreas florestais, cujos solos se prestam melhor às práticas agrícolas. Aí se cultivam, sobretudo, milho, café, arroz, feijão, soja, cana-de-açúcar e algodão herbáceo. Os principais produtos agrícolas, em valor de produção, são o café, cultura que ainda se apresenta concentrada nas áreas tradicionais, especialmente no sul de Minas, e o milho, cujas safras se destinam principalmente ao abastecimento das populações locais e à engorda de suínos, incentivada esta última pelo desenvolvimento da indústria da carne e da banha de porco. O Triângulo Mineiro (vales dos rios Paranaíba e Grande) e a região da mata da Corda são grandes áreas produtoras.

Outro produto importante é a soja. Segue-se o feijão, cultura de grande difusão, geralmente em associação com outros produtos, em particular o milho. A principal área produtora, com pequeno grau de concentração, é a região da mata da Corda. Depois da cana-de-açúcar, vem a rizicultura. No Triângulo Mineiro, uma das principais áreas da cultura de arroz do país, cultiva-se o arroz de encosta (arroz de espigão ou de sequeiro), nos solos de terra roxa dos vales dos rios Pomba e Muriaé. No sul de Minas a rizicultura ocupa da mesma forma as várzeas dos afluentes do rio Grande e dos rios Verde e Sapucaí.

A batata-inglesa caracteriza as áreas mais elevadas de Minas Gerais, situadas na proximidade da Mantiqueira, onde se registram temperaturas médias anuais relativamente baixas. A região de Poços de Caldas é grande produtora. O algodão é cultura típica do extremo norte do estado, região que lhe é ecologicamente vantajosa em virtude da reduzida pluviosidade.

O fumo concentra-se na zona da Mata, em especial nas áreas de Ubá, Rio Novo e Guarani. É uma das culturas mais cuidadas do estado, sujeita que está a práticas intensivas, com adubagem química e orgânica. Outros exemplos de concentração regional se verificam com a cultura do abacaxi, no cerrado do Triângulo Mineiro e em torno de Lagoa Santa, próximo à capital, com a cultura da laranja, na área de Conselheiro Lafaiete, e com as plantações de marmelo na região de Itajubá, no sul de Minas.

Pecuária. A criação para corte apresenta-se bastante difundida pelo território estadual, mas é mais característica das áreas mais afastadas dos centros de consumo, áreas reservadas para a produção de leite.

Dois tipos de pastagens são utilizados para o gado de corte: as naturais e as artificiais. As primeiras, estabelecidas quase sempre nas amplas extensões de campo cerrado do interior, são usadas para a reprodução e formação de garrotes, sendo chamadas de áreas de cria e recria. A criação tem nessas áreas caráter mais extensivo, recebendo, tanto o pasto como o animal, tratamento precário: os pastos não são cercados, sofrem queimada anual e os animais se criam à solta. As pastagens artificiais ocupam antigas áreas de florestas. Essas são derrubadas ou para a formação de campos de cultura, transformando-se em pastagens quando os solos começam a dar sinal de esgotamento (zona da Mata, sul de Minas), ou para formação imediata de pastagens (vales dos rios Paranaíba e Grande, no Triângulo Mineiro; vales dos rios Jequitinhonha e Mucuri, no nordeste do estado, e mata de Jaíba, no vale do São Francisco).

Em todas essas áreas de pastagens artificiais, a criação tem por finalidade a engorda de animais provenientes das áreas de cerrado (inclusive de Goiás e Bahia), e destinados aos matadouros dos grandes centros consumidores (Belo Horizonte e Grande Rio) ou aos frigoríficos que começam a se instalar nas próprias áreas de engorda.

A criação de gado leiteiro é típica do sul e sudeste do estado (sul de Minas e zona da Mata), isto é, das antigas áreas florestais mais próximas do mercado consumidor do Grande Rio. Nessas áreas de pastos artificiais o gado leiteiro, geralmente mestiço de gado holandês, é criado em regime de semi-estabulação, recebendo, portanto, parte de sua alimentação fora do pasto, o que implica a existência de culturas forrageiras nessas áreas. Os animais recebem em geral tratamento mais cuidado, bem como as pastagens, caracterizando-se a pecuária leiteira como a forma de criação mais intensiva do estado. A ela estão ligadas numerosas fábricas de laticínios, inclusive fábricas de leite em pó. Além disso, praticamente todos os criadores estão associados a cooperativas, graças às quais se implantou na bacia leiteira de Minas uma vasta rede de instalações para pasteurização, desnatamento e refrigeração do leite. Alguns projetos importantes entraram em execução nas últimas décadas do século XX, com vistas ao aprimoramento da pecuária de corte, como o de combate à febre aftosa -- tratado com rigor em virtude das normas estabelecidas pelos importadores, principalmente da União Européia -- o da produção de novilhos precoces e de renovação de pastagens.

A distribuição do rebanho suíno acompanha de perto a das atividades agrícolas, por ser o porco alimentado com produtos da lavoura, sobretudo o milho. Com efeito, os pontos de maior concentração de suínos correspondem aos principais centros de cultura do milho, entre os quais se destaca a região de Patos de Minas (mata da Corda). Outras áreas de concentração da suinocultura são as de Itajubá, no sul, e Ubá, na zona da Mata. Tanto a suinocultura quanto a avicultura de postura e de corte apresentam bons índices de produtividade, em virtude do constante aumento dos níveis técnicos.

Indústria. Minas Gerais possui o terceiro parque industrial do Brasil, depois de São Paulo e Rio de Janeiro. São os seguintes os principais gêneros de indústria que operam no estado: indústria metalúrgica, de produtos alimentícios, têxtil, de minerais não-metálicos e químicos, em ordem decrescente do valor de produção. Entre as mais importantes manufaturas figuram lingotes de aço, ferro gusa, tecidos de algodão, cimento, lingotes de alumínio, gasolina, carne de bovino frigorificada, açúcar, leite em pó, queijo e manteiga. Em duas áreas geográficas se concentra a indústria mineira, na zona da Mata e na região central do estado.

Na zona da Mata predomina a indústria têxtil, de implantação mais antiga. O principal centro é Juiz de Fora, segunda cidade industrial do estado, favorecida pela proximidade do Rio de Janeiro. Outras cidades fabris da região são Leopoldina, Cataguases e Além Paraíba. Barbacena e São João del Rei, situadas fora da zona da Mata mas ainda em suas vizinhanças, também se integram no conjunto.

O principal centro industrial da região central é constituído pelo complexo industrial diversificado da área metropolitana de Belo Horizonte, no qual se integram as cidades de Contagem (distrito industrial de Belo Horizonte), Betim, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Raposo, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano. Aí se encontram algumas das mais importantes instalações industriais do estado e do país, como as usinas siderúrgicas da Mannesmann (Belo Horizonte), da Belgo-Mineira (Sabará e Contagem) e da Ferro Brasileiro (Caeté); a refinaria Gabriel Passos, ligada à baía de Guanabara por oleoduto (Betim), além do grande frigorífico de Santa Luzia e das fábricas de cimento de Pedro Leopoldo e Matosinhos.

Além dessas grandes unidades fabris, a área metropolitana da capital conta com numerosos estabelecimentos têxteis, gráficos, mecânicos, de produtos alimentares, de material de transporte, de vestuário e calçado, de material elétrico e de comunicação e de mobiliário.

Os centros secundários da zona metalúrgica compreendem três grupos de municípios situados a oeste, sul e leste da área metropolitana da capital. A oeste destacam-se as cidades de Itaúna (siderurgia e têxteis) e Divinópolis (siderurgia e têxteis). Ao sul, as cidades de Ouro Preto (metalurgia do alumínio), Conselheiro Lafaiete (material de transporte e metalurgia) e Itabirito (siderurgia). A leste, as cidades siderúrgicas de Barão de Cocais (Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas), Monlevade (Belgo-Mineira), Timóteo (Acesita) e Ipatinga (Usiminas). Fora das duas áreas industriais ocorrem alguns centros dispersos, como Governador Valadares e Ponte Nova, no vale do rio Doce, Itajubá, Varginha, Lavras, Três Corações e Poços de Caldas, no sul de Minas. São em geral centros de transformação de produtos agrícolas e pastoris.

Atividades extrativas. A indústria extrativa mineral em Minas Gerais tira partido de um amplo leque de riquezas minerais. Estimam-se em 12 bilhões de toneladas as reservas de minério de ferro, cuja produção responde por cerca de cinqüenta por cento do setor. A hematita compacta, com um teor de 68%, é intensamente explorada e constitui importante produto de exportação. A produção do estado é feita principalmente nos municípios de Itabira, Congonhas, Ouro Preto, Brumadinho, Itaúna, Itabirito, Barão de Cocais, Betim e Mateus Leme.

O principal produtor de minério é a Companhia Vale do Rio Doce, empresa de economia mista, que opera a Estrada de Ferro Vitória a Minas, que liga as jazidas de Minas Gerais ao porto de Tubarão, em Vitória ES, numa extensão de 550km, através do vale do rio Doce. A duplicação da ferrovia e a ampliação do porto construído pela companhia proporcionaram notável incremento à produção.

A extração de minério de manganês se destina ao consumo interno, ficando as jazidas do Amapá reservadas para a exportação. A produção de Minas Gerais provém principalmente dos municípios de Conselheiro Lafaiete, Ouro Preto, São Domingos do Prata, Nova Lima, Mariana e São João del Rei. A bauxita (minério de alumínio) é explorada em Ouro Preto e Poços de Caldas.

A mineração do ouro data dos tempos coloniais. Hoje ele é extraído na mina de Morro Velho, em Nova Lima; a mina da Passagem, entre Ouro Preto e Mariana, está desativada. São beneficiadas 4,6 toneladas anuais. Dessa exploração obtêm-se como subprodutos a prata e o arsênico. Minas Gerais produz ainda alumínio, columbita-tantalita, níquel e zinco, além de minerais não-metálicos, como agalmatolito, barita, cianita, dolomita, grafita, quartzito e quartzo. Na usina de beneficiamento de Tapira, no Triângulo Mineiro, produz-se titânio, a partir de anatásio, minério descoberto no início da década de 1970. Outras riquezas minerais são diamantes e pedras semipreciosas, bem como fontes de águas minerais e termais.

Outro setor de expressão entre as atividades extrativas é o da exploração florestal, que em Minas Gerais visa sobretudo a produzir carvão vegetal para as usinas siderúrgicas. Essas atividades, antes concentradas na região de Governador Valadares, dispersaram-se na segunda metade do século XX em razão do esgotamento das reservas florestais. Atualmente é o vale do rio Piracicaba, situado junto à zona metalúrgica, o maior fornecedor do produto.

Entretanto, já é bastante apreciável a produção de outras regiões localizadas ao sul, a oeste e ao norte da zona metalúrgica, nas quais se lança mão da vegetação de cercado para a produção de carvão. Para contornar o problema da crescente escassez de carvão estão sendo desenvolvidos amplos programas de reflorestamento, com eucaliptos, especialmente pela Belgo-Mineira. Os incentivos fiscais concedidos pelo governo federal têm concorrido para a intensificação desses projetos.

Transportes. A Rede Ferroviária Federal S.A. atua em Minas Gerais através de sua 6ª divisão (Central do Brasil), 7ª (Leopoldina) e 5ª (Centro-Oeste). A Central do Brasil percorre o centro do estado, servindo Belo Horizonte e ligando a capital ao Rio de Janeiro e à cidade de São Paulo, através do vale do rio Paraíba do Sul. Sua rede serve às principais cidades industriais do estado, entre elas Juiz de Fora, passando por Corinto e indo atingir a divisa com a Bahia, onde encontra os trilhos da antiga Viação Férrea Federal Leste-Brasileiro, hoje 4ª Divisão-Leste. A principal mercadoria que transporta é minério de ferro, destinado aos centros industriais dos estados vizinhos, especialmente a usina da Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda RJ.

A Leopoldina cobre a porção sudeste de Minas Gerais. Transporta principalmente café. A Centro-Oeste (antiga Rede Mineira de Viação) serve à região ocidental do estado, o Triângulo Mineiro e o sul de Minas. Transporta produtos agrícolas diversos, entre os quais café, milho, arroz e leite.

As demais estradas de ferro de Minas Gerais não pertencem à Rede Ferroviária Federal S.A. A mais importante é a Vitória a Minas, explorada pela Companhia Vale do Rio Doce para exportação de minério de ferro. Finalmente, com pequenos percursos no estado, aparecem a Companhia de Estradas de Ferro Mogiana e a Estrada de Ferro São Paulo-Minas. A primeira penetra no Triângulo Mineiro e no sul de Minas; a segunda, no sul de Minas, apenas.

As principais rodovias federais que cortam o estado são a Rio-Bahia (BR-116), que atravessa a fachada oriental, passando pela zona da Mata e pelo vale do rio Doce; a Belo Horizonte-São Luís (BR-135); a Rio-Brasília (BR-040); a Belo Horizonte-São Paulo (BR-381); e a ligação Vitória-Belo Horizonte-Araxá-Uberaba (BR-262).

O sistema estadual de transportes inclui ainda a navegação do rio São Francisco, entre Pirapora e Juazeiro, na Bahia. O pequeno desenvolvimento da região servida, aliado à ausência de portos organizados, reduz o significado econômico dessa via de circulação, que só tem importância para a população ribeirinha. O estado conta com um aeroporto internacional, o de Confins, em Belo Horizonte.

Energia. A principal fonte de energia do estado é o rio Grande, que faz a divisa entre São Paulo e o Triângulo Mineiro e cujo curso superior corta o sul de Minas. Aí já se encontram em funcionamento grandes usinas como as de Furnas (1.200MW), Peixoto (475MW), Jaguará (660MW), Marimbondo (1.400MW), Volta Grande (380MW) e Porto Colômbia (320MW). A esse conjunto deve-se acrescentar a usina de Estreito (1.050MW), situada entre as de Peixoto e Jaguará, mas em território paulista. Ao todo são mais de 4.500MW providos pelo rio Grande, sem contar o grande número de pequenas usinas. O regime do rio pôde ser regulado com a construção do reservatório de Furnas, com capacidade de armazenar 23 bilhões de metros cúbicos de água.

As duas maiores usinas do estado são a de São Simão (2.680MW) e Emborcação (1.000MW), ambas no rio Paranaíba, na divisa com Goiás. A usina de Três Marias (388MW), no rio São Francisco, possui reservatório com capacidade de 21 bilhões de metros cúbicos, cuja principal finalidade é a regularização do fluxo do rio, para melhor aproveitamento da usina de Paulo Afonso, na Bahia. Outras usinas importantes são Salto Grande (104MW), no rio Guanhães, e Antônio Dias (48MW), no rio Piracicaba.